sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Club Yacht celebra a volta do kitsch

Com uma abarrotada festa de inauguração para convidados, veio ao mundo ontem o Club Yacht, nova empreitada de Facundo Guerra, Cacá Ribeiro e Bob Yang, que estão por trás de sucessos da noite paulistana como Vegas, Lions, Ultralounge e o também recente Cine Joia. A boate, que fica no coração do Bixiga, a poucos metros do Glória, aponta tanto para os fashionistas e órfãos do Ultra como para os descamisados que ouvem house tribal. Os sábados começam bem pop, com o projeto Champagne Deck, e prosseguem no after Bonjour, a partir das 4h30, com residência de João Neto (que saiu da The Week em circunstâncias pouco esclarecidas). O tema náutico orienta toda a concepção estética, como se vê nas fotos que ilustram este post, feitas por Edu Girão para a revista Casa Vogue.

A decoração da casa inclui uma fachada em estilo art déco, paredes com rebuscadas esculturas em alto relevo, painéis que imitam a fuselagem de um navio, um corredor de espelhos com desenhos de escamas de peixe, um aquário no final da pista e um cavalo-marinho gigante na área externa. Tudo é tão cenográfico que, em um primeiro momento, eu me senti em uma daquelas suítes temáticas de motel. Aos poucos, fui entrando no clima e entendendo melhor qual era a proposta do lugar.

A opulência visual do Yacht parece ilustrar uma mudança de paradigma na noite paulistana. Sai o minimalismo low profile de casas como D-Edge e Sonique e entra a retomada de uma estética kitsch, teatral e exagerada - movimento que foi iniciado pelo Lions e amplificado pelo The Society. Nesse contexto, o que era considerado francamente over e cafona há poucos anos ressurge como desejável. A nova ordem sugere mais glamour e montação - como talvez tenha sido a atmosfera dos clubes do final dos anos 70, de onde vieram os equipamentos de iluminação do Yacht, restaurados de casas antigas.

No fim das contas, a vida é feita de ciclos e tudo que some, um dia, reaparece: até o cinto tressê voltou a ser tendência (e não deve demorar a dar as caras por lá, pelas mãos das fashion victims de plantão). Eu acredito no potencial do Yacht. Com ousadia e originalidade indiscutíveis, a casa deve fazer uma bela carreira dentro do seu nicho. Só não dá para ir lá usando nada listrado - a overdose navy é tão intensa que você periga ser confundido com parte da decoração.

Um comentário:

Paulo disse...

Pelo que vi nas fotos da abertura, o que mais tinha era gente listrada. Várias pessoas acreditaram na necessidade do dress code e com muita coragem foram a caráter.