quinta-feira, 22 de junho de 2017

Koh Phi Phi: o "paraíso" do filme tem suas pegadinhas


Koh Phi Phi entrou no mapa do turismo mundial depois que Maya Bay, uma baía de água verdinha cercada por três enormes falésias de rocha, foi usada como locação no filme A Praia, de 1999, estrelado por Leonardo DiCaprio. E o principal destaque desse destino tailandês é mesmo o mar em tons de esmeralda e turquesa, que enche as fotos daquela beleza que faz qualquer um sonhar com as próximas férias.


As praias da ilha rendem um banho de mar supergostoso, mas o que realmente vale a viagem são visitas a localidades acessíveis apenas por passeios de barco, das quais Maya Bay está longe de ser a mais bonita - Losamah Bay e Pi Leh Lagoon, que fazem parte do mesmo circuito, colocam Maya Bay no bolso, fácil. Assim, se você fica desconfortável com a ideia de subir em um barquinho de robustez incerta que balança um bocado com as ondas, talvez Koh Phi Phi não seja sua melhor escolha.


Além disso, verdade seja dita: a expansão do turismo desenvolveu bem a estrutura de serviços do local, mas sem um pingo de charme. O centrinho da ilha é um amontoado de ruelas estreitas e feiosas, poluídas por placas e cartazes oferecendo refeições baratas, camisetas, cursos de mergulho e massagens.

O foco parece ser principalmente no público de 18 a 25 anos, que ali desembarca aos montes, com mochila nas costas e a vontade de viver tudo ao mesmo tempo, emendando a praia com o passeio de barco open-bar, seguido de uma tatuagem nova, um bar com mesas de sinuca e drinks servidos em baldes. Aventuras de um destino onde os poucos dólares e libras ganhos no começo da vida adulta já bancam férias inesquecíveis.


Não vejo problema nenhum nisso tudo; é só não fazer comparações com outros destinos e buscar em Phi Phi qualidades que você viu e apreciou no seu balneário preferido do Mediterrâneo, ou em alguma vila de praia de pegada rústico-chique do Nordeste brasileiro. Sem falar que esse jeitinho desencanado de Phi Phi tem um lado bom: além de poder ficar de Havaianas 24 horas por dia, você come por preços menores que os de Bangkok, e usa o dinheiro economizado para pagar os tais passeios de barco.


Quem estiver indo pra lá numa vibe casal/família/sossego será mais feliz escolhendo um hotel afastado da bagunça - percorrendo a baía de Tonsai na direção oeste, dá para encontrar tranquilidade e ângulos mais bonitos, e quinze minutos de caminhada já são suficientes para garantir seu jantar (mas não perca a hora, pois às 22h as cozinhas já fecharam).

Vale avisar, ainda, que os tesouros que se revelam nos passeios são prainhas e baías muito pequenas, que simplesmente não dão conta da multidão de visitantes despejada pelos barcos nos meses e horários de pico. Indo na baixa estação, tive que encarar algumas oscilações de sol e chuva, mas consegui aproveitar e curtir bem o visual de cada lugar (mas para tirar a foto em Maya Bay sem ninguém no fundo, tive que acordar às 5 da manhã e zarpar às 6...). Na alta temporada (dezembro a março), provavelmente eu teria tido mais estresse e menos diversão.


Foi ótimo conhecer (e desmistificar) Phi Phi - pular do barco nas águas incríveis de Losamah e Pi Leh foi um dos pontos altos da viagem até agora. Mas eu não teria esticado a estadia ali se pudesse. Ao final de três noites, eu já havia feito os passeios que importam, curtido bem a piscina do hotel (um excelente plano B quando o tempo fechava) e comido em todos os lugares do centrinho dos quais eu fui com a cara. Numa segunda visita à Tailândia, certamente serão outras as ilhas para eu explorar.

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